Conheci e me encantei com o trabalho de Lupércio em 2008 antes de conhecê-lo pessoalmente. Em 2014 fui à sua casa. Liguei antes, ele falou “é muito fácil encontrar a rua, todo mundo conhece”, mas não foi fácil. Lupércio vivia concentrado no seu mundo, que era a sua produção artística.
Lupércio José dos Anjos nasceu na Bahia em 1938 e se foi em 19 de agosto de 2019, em Nobres MT onde vivia e produzia suas peças feitas com latas de óleo combustível que ele cortava, dava forma e pintava na sua forma característica e inconfundível. Lindas!
Começou a produzi-las em meados dos anos 2000, quando, por problema de locomoção, não pode mais trabalhar na roça e precisou então a inventar outra atividade para se manter. Ganhou projeção em 2010, quando Ana Maria Braga o entrevistou; essa entrevista o deixava orgulhoso.
A confecção de suas peças era elaborada, exigia várias etapas e instrumentos: furadeira, tesoura e rebitadeira para cortar; alicate e martelo para dar forma; finalmente, para o acabamento, lixadeira, solda, Durepoxi (tipo de massa acessiva) e tinta de várias cores.
Fazia vários objetos como brinquedos, artefatos para cozinha, cestos, mas preferia fazer lamparinas, de vários formatos.
Para Lupércio, seu trabalho era também uma atividade lúdica: “a gente está divertindo, passando o tempo e ganhando uns cruzeirinhos.“
Edna Matosinho de Pontes